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12 de junho de 2017

Marketing digital não é para inocentes


O mundo muda todos os dias. As pessoas mudam de casa, de opinião, de marca com uma facilidade exagerada. E o mesmo precisa acontecer com o profissional de marketing digital: mudar sempre.



Quando eu tinha uns 10 anos, lembro que o pai de uma amiga, advogado, comprou seu primeiro celular. Era luxo para poucos, quem tinha um tijolão pagava caro para fazer ligações, e também tinha que pagar para receber (?!). Imagina se na época o telemarketing fosse tão intrometido como hoje? Ia ser difícil pagar essa conta. E no mundo atual, ficar sem celular é como se estivesse faltando uma parte do nosso corpo.

Vivemos num mundo digital, em que anunciar no horário nobre da televisão ou publicar um anúncio em revista é como montar sua empresa numa ilha deserta e esperar que algum cliente apareça. As marcas precisam se relacionar com seus consumidores, conhecer seus gostos, onde frequentam, como falam, o que querem agora – porque amanhã já é outro dia. 


O que fazer para acompanhar essa evolução digital constante?
O profissional de marketing precisa criar uma comunicação que esteja presente em todas as etapas da jornada do consumidor. A marca precisa estar lá quando o cliente mais precisar. Será que ele sabe que o seu produto ou serviço existe? E se não souber, como você pode atuar?

Marketing digital se aprende com os grandes
Educar o consumidor é o caminho. A Udacity, uma Universidade do Vale do Silício, já consagrada por seus Nanodegrees em TI e robótica, lançou recentemente, em abril deste ano, um curso de marketing digital traduzido para o português. O curso é feito em parceria com os gigantes da área, como Facebook, Google, Hubspot, Hootsuite, entre outros.

Eu estava sentindo uma necessidade grande de me atualizar de uma forma mais global, abrangente. Depois que li o cronograma, tive certeza de que era o que eu estava procurando e resolvi fazer parte da primeira turma. O curso tem a duração de 4 meses e traz um conteúdo sistêmico sobre o mundo digital. É um programa extenso, mas seus vídeos são didáticos e curtos, sempre com exemplos, minitestes e projetos práticos que o aluno entrega a cada conclusão dos módulos, todos avaliados por especialistas.

O marketing digital na prática
A parte prática do curso é um grande diferencial e ajuda muito na hora de aplicar em um cliente real. Ele passa pelos principais tópicos, desde o panorama das redes sociais, metas, estratégias de conteúdo – planejar, criar, distribuir, otimizar, gestão de redes sociais, SEO e criação de anúncios. Nenhum tema vai fundo o bastante, mas serve como uma ótima base para o profissional se ‘encontrar’ nesse mar de informações sobre o tema.


Nunca seja inocente
Aprender sempre. Esse não é um desafio exclusivo dessa área, claro, mas no digital, as ferramentas e os métodos mudam a todo o momento, e pensar que fazer um curso agora será suficiente, é ser no mínimo, um pouco inocente.


8 de abril de 2009

Cuidado com o coelho da Páscoa




Só acontece comigo. Foi no ano passado, beirando a Páscoa, e teve relação direta com um coelho. Viciada em chocolate, também me agrada muito o símbolo ingênuo dessa data: o mamífero coelho.
Isso, mamífero, ele não põe ovos.


Estava eu na casa de uma grande amiga, numa reunião de trabalho. O cachorro dela volta e meia vinha brincar. Um poodle branco que tinha um companheiro, um coelho de olhos vermelhos e de pelo pretinho.
Até então, só pelo (sem acento) de gato era fatal para minha saúde. Até então.

Após cinco minutos com o coelho no colo, fazendo uma naninha gostosa nele, solto o bichinho e começo a sentir uma alergia apavorante no meu pescoço, tórax, nariz, garganta e olhos. Rapidamente, minha cor muda de branco translúcido para vermelho rubro. Meus olhos castanhos de mel (mel é charme) ficaram da cor dos olhos do coelho. Minha respiração ficou cada vez mais impossível e o coelho cada vez mais longe de mim (depois do meu arremesso). Com uma dificuldade enorme pra respirar e sem enxergar, só rezava.

Preocupados comigo, um dos presentes me levou às pressas ao hospital. Meia hora tentando encontrar um posto aberto cheguei lá quase sem respiração e de olhos cerrados.

Vou pular (igual ao coelho) a parte chata da espera de 50 minutos pelo atendimento. O médico me examina e diz: você vai tomar uma injeção.

Entro na sala da enfermaria e pergunto para a enfermeira:
- Pode ser no braço direito? É que sou canhota.

Ela respondeu com um sorriso certeiro:
- Pode ser na nádega direita, se preferir.


Ok, dando pulinhos nessa parte da injeção, lembro-me de sair da clínica igualzinha a um mamífero que a minha amiga fez um ensopado após a Páscoa: de olhos vermelhos, de pele branquinha e, depois daquela agulha calibre 12, dando muitos pulinhos.

Para prevenir aqueles que têm alergia a pelo de coelho: demorei três dias para desinchar totalmente e parar de pular, digo, mancar.

Viu como só acontece comigo? Ou você já pegou um coelho no colo e teve que levar uma injeção que não era no braço?

Páscoa para mim, nádegas a declarar.

14 de fevereiro de 2009

Nunca engorde

Eu subi aquelas escadas já sabendo como desceria. Cada degrau que me levava ao alto, também me secava a saliva e me passava um filme preto e branco na cabeça. Era um frio na barriga, uma ansiedade de quem procura o nome na lista dos aprovados ou de quem sabe que precisa romper o que parece colado. Aqueles minutos antes. Intermináveis e tão rápidos.

Ouvir o que não se deseja não é para qualquer coração. E muito menos aceitar o que não se quer. Guardo como ouro um conselho da minha mãe, que diz: “primeiro a gente tenta resolver, depois a gente chora”. Porque quem tenta – de verdade – resolver uma situação incômoda, talvez não precise nem derramar uma lágrima.

Mas só resolve quem se incomoda. E espera aquele que se acomoda. Não estou falando de medo. Estou falando de coragem. Para saber temos que perguntar. Mesmo que a resposta não venha agora. Uma porta pode não abrir se você não tiver a chave certa, mas você sabe que em alguma fechadura ela vai entrar. Mas, de verdade, não acredito em chaves abrindo portas com a força do pensamento. Só se for um ladrão.

Descobri que o ser humano precisa se incomodar mais. Dormir cedo e acordar antes. Não podemos esperar ninguém chamar porque tem sempre outro que pode ouvir. E a chave dele pode abrir a sua fechadura. Acontece.

O maior problema é quando o problema se acostuma com você. Porque problema adora uma inércia. Problema almoça preguiça e janta insegurança.

É difícil subir os degraus da vida. Poético, mas tem quem prefira ser levado no colo. Minha professora de ginástica falou que quando estamos exaustos, cansados e quase desistindo, o nosso físico ainda pode ir 70% além disso. Ela estava falando do corpo. E se o corpo pode ir tão além, certamente é porque a nossa mente permite.

Permitir descobrir que somos mais poderosos do que se imagina tem um efeito surpreendente. Para nós mesmos. Ninguém precisa ficar sabendo. Porque a força sempre transparece. E é ela que nos incomoda para mudar.

Na hora em que eu permiti ser mais forte do que a minha fraqueza, eu ganhei coragem. Eu poderia ter convidado meu problema para dormir comigo e ter ficado quietinha alimentando-o. Ele iria engordar. É como um fumante que tenta parar. Algum dia ele colocou o primeiro cigarro na boca e hoje tenta colocar o último. Foi aí que resolvi malhar o meu medo. Acostumado a comer pouco, ele entrou em forma rapidinho e eu consegui subir mais um degrau da minha vida. E a escada é grande. Ainda bem.

Miréille Almeida na academia da vida.

14 de janeiro de 2009

Ele voltou


Eu tive que me acostumar com a chuva. Aquele guarda-chuva xadrez tornou-se o meu companheiro de todos os períodos do dia. E tive que me acostumar com a chuva. Na previsão do tempo, falavam que talvez você fosse chegar, mas que logo partiria. De encontros assim eu não preciso. Prefiro nunca te ter, a ter que juntar seus raios e jamais sentir o seu calor. Eu te quero todo meu, queimando minha pele translúcida da tua ausência e sentindo tua energia percorrer meu corpo. E o telefone do São Pedro fora de área.


A barra da calça sempre molhada e meus cabelos gritando pela tua volta - não há chapinha que resista à eletricidade de um dia cinzento -. O esperado horário de verão chegou e nem esperança de você aqui. A cena dos pneus encontrando poças e molhando minha esperança, virou meu clichê matinal.


Biquínis com etiqueta, centenas de ligações desmarcando a praia, roupas com aroma de labrador molhado e janelas esquecidas sempre abertas. Esse ano, o sol está para rico, assim como a chuva está para estagiários que esperam o ônibus no ponto. Segunda-feira você brilha radiante, como se nada tivesse pingado no último final de semana.


- Que dia cinza lindo. Olha o presente que eu comprei para você usar nessa estação.
- Um guarda-chuva da Madonna Like a Virgin. Diferente.

Capa de chuva, guarda-tempestade, botinha plástica. Essas são as dicas de presentes que não têm erro. E você terá a certeza que o aniversariante está falando a verdade: - “Era bem o que eu estava precisando, como adivinhou?.”


Foram três, eu disse três meses sem a tua presença. Programas caseiros, banhos de chuva feito cena de novela das seis e eu tive que me acostumar com a chuva.


Insatisfeitos humanos. Agora estou eu aqui. Meia-noite, janelas escancaradas como o passo do plié, ventilador pedindo férias, banho gelado (esse ainda estou criando coragem), pedras de gelo direto na garganta. Ai, como eu adorava aquele cinza no céu. E nada do Pedro atender o telefone.

E para provar que o Murphy existe, o sol voltou a brilhar e eu, a trabalhar.


Mireille Almeida sempre com protetor solar.

22 de dezembro de 2008

Na companhia do medo


Eu tenho medos. Incontáveis. De rato correndo, de carro-forte na frente de banco, de qualquer filme que não seja de rir. Medo mórbido de atravessar a rua, de ventilador de teto (quando ele se balança todo) e de lagartixa na parede. Medo horripilante de panela de pressão, de gatos de qualquer espécie e de porões. Medo terrível de injeção antitetânica, de andar de moto e de apartamento térreo.


E me desfiz de alguns como quem doa um abraço a quem precisa. Me desfiz daqueles que me causaram enjôo. Percebi que ninguém precisava deles. Muito menos eu.
E agora, já não tenho medo de escrever o que sinto, mesmo que você leia com desinteresse. Ou nem leia. Mesmo que você não me escute, eu falo e tento escutar teu coração. Porque sei que da tua boca, nada sairá. Apenas me escute, então.

Ainda que você não tenha ouvidos, eu tenho sentimentos. Enquanto eu conto como foi bom hoje e tento despertar em ti alguma palavra doce, sua boca sempre desconversa. É nessa hora que me calo. E sinto um amargo escorrer.

Medo de quê? Se eu já aprendi a pedir teus abraços, a dizer como teu beijo é macio, como tua pele se combina com a minha e tua companhia me envolve em sorrisos.

Medo do quê? De que nada seja verdade? De ceder e cair no seu próprio abismo? Já se perguntou se eu tenho medo? Tenho. Mas não me fecho diante deles.

Você não diz. Talvez também não sinta. Pena. Isso me enferruja e me faz emudecer. Por enquanto, não perdi a voz. Quando eu me calar você vai saber, e vai sentir. Por mais que finja não me escutar. Aí, você vai querer falar.

Miréille Almeida querendo apenas ouvir.

13 de outubro de 2008

Cadê o acento da plateia?


Algum sujeito chamado Orlando-mar do Departamento de Papas na Língua, mais alguns estagiários do Ministério de Acentos Interinos, na inutilidade do que fazer, resolveram acabar de vez com o trema da nossa tranqüilidade.

Em contrapartida, esse pessoalzinho do departamento mal sabe ainda o que fazer com o pé-de-moleque que, certamente, continuará melecando por aí. Nem com o pé-de-cabra. Portanto, ladrões: fiquem tranqüilos. Ou melhor, calminhos.
A propósito, o hífen do tira-teima vai valer até pra quem está na segunda divisão?

- Agora todo mundo aplaude de pé. É a nova regra da língua portuguesa.
- Mesmo se for em palestra de auto-ajuda?
- Principalmente. Tiraram o acento da platéia. E alguns aSSentos aleatórios também. Quem sentar, pode cair.
- Que idéia de louco.
- Claro. Idéia também perderá seu acento.

No início da era da Internet, me causava arrepios escrever tudo sem acento. Mas o ser humano se acostuma sempre. Fique tranqüilo (sem trema): o ser humano não se enquadrou no novo acordo e não ganhará um hífen para declarar no imposto de renda. Já não chega tantas outras siglas que a gente ganha cada vez que paga uma conta. Mas o leão continua com aquela cobrinha em cima (esqueci o nome desse acento).

Nunca andei de avião (sem risadinhas irônicas). Mas pelo menos tenho certeza de que, quando isso acontecer, não sentirei enjôo. Afinal, sem o acento, essa palavra perderá todo seu sentido. E pra quem ainda sentir, lá vai a dica da classe média: pegue um ônibus, esse ainda continua com assentos de sobra.

- Como foi a viagem nas alturas?
- Chata. Não pude sentir aquele enjôo que todo mundo sentia tempos atrás.
- Tá podendo com a nova regra, hein?!
- Humpf!

Como no Brasil tudo que some aparece em outro lugar e com um ‘incentivo’ maior de impostos, meus amigos, adivinhem para onde irá o trema da lingüiça. Mas o pior chega na hora do brinde do reveillon: os primos distantes k, w e y, pegam uma conexão direta para o nosso alfabeto e ganham estadia completa e mais o Bolsa Família. Adivinha quem vai pagar o imposto dessa importação?

Por que não proíbem de vez o gerúndio nas ligações de telemarketing? Por que não decidem logo o destino da última sílaba de Foz do Iguaçu? Por que não começam a reforma ortográfica pela boca do presidente? Claro que não. Ninguém poderá parar essas mudanças, afinal, agora o pára verbo vai perder o acento só pra confundir você com o para preposição.
De repente ta aí uma boa desculpa pra usar com o guarda de trânsito se você não conseguir parar. Brasileiro que é brasileiro tira proveito até da inutilidade.

Miréille com acento agudo no primeiro E.

27 de setembro de 2008

Meu picolé minissaia


Saudade. Pra mim, não há palavra alguma no dicionário que expresse um sentimento com tanta veemência. Saudade não é só falta, não é precisar e nem só querer de volta. É só saudade. E isso é tudo. Tudo que está entalado na garganta, preso no choro, marcado no pensamento.
A saudade pode ter quilômetros de distância ou, muitas vezes, estar separada apenas por um lençol. Ou quatro paredes. A saudade dói sem ser doença, machuca sem ter armas.

Saudade só é boa quando está no seu fim. Saudade é igual fome. É uma das melhores coisas para se matar. Saudade do picolé minissaia, da coleção vaga-lume, da bota de chuva, do cheiro da lancheira da escola, da maçã raspadinha. Saudade.
Do passado mais antigo. Ou de ontem à noite.
Do que você está com saudade?
Pode vir agora. Pode vir de longe. Pode morar na sua rua. Porque tudo no mundo lembra a saudade. O que provoca a sua saudade?
Saudade tem cena. Aquela quando você acena de longe e, num segundo, os olhos se enchem de lágrimas.
Saudade tem música. E não precisa ser triste.
E quase sempre tem cheiro. Aquele que fica no travesseiro e faz lembrar. Cheiro de loção pós-barba, bolo de chuva.
Saudade tem sempre um nome. Ou não.
De quem você está com saudade agora?

Quem tem saudade, lembra.
Tem sempre pra quem escrever. Mesmo que esse alguém não possa mais ler.
A saudade quase sempre mora pra lá das nuvens. E nem avião pode alcançar.
Quando você diz que sente saudade, espera ouvir um eu também.

Tem saudade que não passa. Mesmo que os dias passem depressa.
Tem saudade que dá pra comprar o fim. Um voucher, um crédito de celular.
Bom mesmo é aquela saudade que se mata de graça. Um abraço, um pedacinho do seu picolé, um eu também.

Adoro contar saudade no relógio até ela acabar. É igual ansiedade de criança antes de abrir o seu presente. É como esperar o final de um livro.
Saudade tem recordação, baú, diário. Tem pétalas de rosa espremidas no meio de um livro. Tem foto no fundo da gaveta. Tem um casaco de ombreira e um souvenir daquela última viagem na estante. Tem um restinho de bebida na garrafa. Tem dejavu.

O bom da saudade é correr pra encontrar. É dar um abraço de urso. É contar os dias.
Porque quem sente saudade, tem o privilégio de sentir o seu fim. Algum dia, em algum lugar.

Miréille Almeida louca para dar fim a todas as saudades.

31 de agosto de 2008

Um dia eu ainda te mato


Sem querer e você se tornou meu combustível. Mal se apresentou e já me fez sentir uma vontade insaciável. Você não pediu licença, e eu te deixei entrar. Gosto desse teu jeito invasor de chegar.


Você tem poder sobre mim, e sabe bem disso. Usa-o quando eu menos espero e quando eu mais preciso. Você suga minhas energias. E eu ainda faço tudo pra te saciar. Acordo pensando em ti, todos os dias. E só durmo bem se você está longe dos meus pensamentos.


Você não dá desculpas pra aparecer e, se desse, eu aceitaria todas. Você me ensinou a precisar de você como um bêbado precisa da sua cachaça. Você me viciou.


Queria estar farta de você. Mas cada vez te preciso mais. Quando você vai embora, por um momento, parece que nunca mais vou querer te ver. Nunca mais. É, mas isso passa. E bem rápido. Comercial de margarina, creme dental, padaria da esquina, tudo me lembra você.


Quem você pensa que é pra me invadir e não pedir licença? Pra me fazer lembrar de ti quando eu quero é esquecer? Agora estou sentindo você. Tá me dando um vazio sem tamanho. Você me deixa zonza, até me faz tremer. Que vontade de te esquecer. Não me procure mais.


Já que tudo acaba em pizza, chegou o momento de te matar dentro de mim antes que você me mate. E vai ser agora:


- Alô?
- Por favor, eu quero pedir uma pizza bem apimentada e com bordas especiais.
- Em vinte minutos estaremos enviando seu pedido. (gerúndio, tinha que ser)


Contagem regressiva. Você vai morrer. E, enfim, vou te matar dentro de mim, Fome.


Miréille Almeida sempre faminta.

25 de maio de 2008

Eu quero um final clichê



Nos afastamos em silêncio. Nenhum dos dois disse uma palavra. Eu, porque qualquer palavra que viesse à mente, mal passaria pela garganta num choro engolido. Você, porque nem sabe que precisa realmente falar alguma coisa. Nos afastamos em silêncio.

Foi uma pena para mim que não aprendi a dizer chega. Foi grande sorte para você, eu ter aprendido a ser tolerante em grau máximo. Só de pensar em dizer que eu te amo, meus olhos se enchem de lágrimas, como agora. Nunca te disse. Talvez naquela tarde, bem rápido, não sei se você ouviu.

Queria tanto que mágoa tivesse prazo de validade. Queria poder jogá-la no lixo reciclável e transformá-la num bibelô qualquer, num objeto não-cortante (porque ainda me corta), num urso de pelúcia. Mas a mágoa fica no coração, e este, eu não posso descartar. Além da dor, ele carrega sentimentos aquém da sua própria imaginação.

Já quis te ver atrás das grades, nos meus surtos adolescentes. Ela não deixou. Sim, ela, a quem eu devo simplesmente tudo. Eu não queria prender você, na verdade. Eu queria prender todos os sentimentos que me fizeram arder em choro. Ou os que prenderam minhas lágrimas, estes, os piores.

No meu corpo, a roupa mais bonita era sempre para passear com você. No céu, o sol brilhava garantindo um dia perfeito. No relógio, as horas passavam indicando que você não viria. Mais uma vez.

E ali estava eu, sentada em frente à janela, de maria chiquinha no cabelo e com a roupa mais bonita, aquela de sair com você. No cenário, a minha casinha de almofadas. Destruída. Assim como eu.

Aquele dia eu não escrevi. Seria mais uma página em branco a se juntar com as outras. Aquele dia eu não escrevi. Você jamais leria.

Engraçado como tenho aversão por finais. Finais de filmes, novelas, fatos reais. Não gosto de assistir a finais. Se não são meus olhos que cerram, são meus pensamentos que devaneiam.
Deixe-me entrar. Não quero ser apenas uma figurante da sua história. Quem sabe assim, eu consiga escrever um final. Feliz.


Miréille Almeida em mais um clichê da vida real.

13 de abril de 2008

Só substitua em caso de OFERTA


Não tenho dúvidas de que meu recém-colocado-na-panela "macarrão instantâneo pronto em 3 minutos" está mais saboroso do que o Prato de Nomè Dificilè (faça um biquinho) que uma apresentadora Global acabou de degustar no seu programa junto com uma convidada ilustre (ninguém acreditou, Miréille).

Sou uma redatora de difícil socilização na cozinha porém, acredito que, por mais ilustres que sejam as pessoas que assistem, será comercialmente impossível encontrar aquelas especiarias indianas que parecem estar em nossa despensa sempre que aparece um jantarzinho casual numa quarta-feira à noite.

- Hoje o jantar será na casa do Paulo. Vou preparar um Yam Nuea da Thailândia.
- Hummm, que delícia! Será que você poderia acrescentar um pouco mais de limão Kaffir asiático?
- Claro, pega ali. Ah, me passa o molho nampla.

Queria que minha cozinha fosse igual a dos vendedores do Polishop (é um sonho que eu tenho). Tudo é fácil, delicioso, custa baratinho e sempre tem na despensa. Que tal um arroz perfumado com leite de coco? Frasco de 50 ou 100 ml?

Ah, mas se você não tiver palmito pupunha pode substituir por pimenta kim chee e caju assado com espetinhos de cana-de-açúcar. Que óbvio!

Nunca coloque suas esperanças nas substiuições culinárias dos Chefs de nome difícil. Continue freguês da vendinha do seu bairro ou você poderá tornar-se uma pessoa frustrada.

Ontem mesmo, zapeando com o controle remoto, um Chef de cozinha utilizava vieiras com óleo de amendoim, mas claro, se você não tiver, pode substituir por azeite de trufas. Todo mundo tem em casa. Sem ironias (mas fazendo cara de of course).

Nem por isso, os telefones 0300 param de tocar à procura do Forno Tandoor que irá deixar seu peixe temperado com cerefólio francês e finalizado com um toque de cardamomo do Malabar da Índia muito mais apetitoso. Humm...

Humm?? Estou sentindo um cheirinho proveniente da minha cozinha. Deve ser o aroma do pinholi que coloquei no molho pesto.

(após alguns minutos)

Voltei. Não era do molho pinholi. Nem do molho pesto. O cheirinho era para sinalizar que meu macarrão instantâneo pronto em 3 minutos, já estava a 30 minutos no fogo na esperança de reencarnar numa panela do programa Cozinha Internacional do canal 58. Ah, se eu tivesse um Forno Tandoor.

E se eu não tiver mais nada no armário, posso substituir pelo quê?

No máximo, por uma oferta (adoro essa palavra)!
Se eu fosse chef, diria:
"EM CASO DE OFERTA, SUBSTITUA UM ÓLEO VIRGEM POR UM EXTRA VIRGEM."

Ps.: já volto, fui na vendinha.

Miréille Almeida, pelo menos eu não sou frustrada.

28 de março de 2008

Próxima parada: inspiração


Quem inventou que essa tal de inspiração deveria aparecer nas horas mais inexistentes do dia? Até parece aquele slogan do Unibanco - que é 30 horas -, mas a gente nem imagina o que ele faz nas 6 horas que sobram.

Você fica ali, na frente do computador com aquele arquivo word aberto, escreve uma frase, apaga tudo, escreve outra e apaga novamente.

Então, você sai lá fora pra fumar um cigarro (detalhe que eu não fumo, aí só me resta um chocolate engordativo), pensa em tudo o que é mais aleatório (porque sabe que é assim que surgem as idéias), mas ela não vem. Termina o cigarro, acende outro (modo de dizer), conversa com um colega de trabalho e vem a idéia. Ele não pára de falar e você com aquela frase pronta na mente, na ponta da língua, já não prestando a mínina atenção no que diz seu ilustre amigo, tudo em prol de segurar a frase no pensamento.
Ele dá uma pausa na falatória (ainda bem que não pediu sua opinião) e você joga o toco de cigarro fora (no meu caso a embalagem do Sonho de Valsa) e corre para o word escrever o slogan premium master top.

Neste momento, percebe que o pc está travado (por este motivo você saiu lá fora para acender seu cigarrinho) porque o Murphy inventou aquela Lei. Enfim, encontra um papel e caneta e na hora de escrever grita um palavrão (mentalmente) e diz: - %$*&*, esqueci.

Inspiração tem horário marcado igual cabeleireira e médico. Sempre atrasa. É pegar no sono, luzes apagadas, achar a melhor posição na caminha e ela chega. Desesperada por um pedaço de papel e uma caneta Bic.

Incrível como a sua imaginação SEMPRE acha que no dia seguinte você vai lembrar de completamente todas as idéias que chegaram na calada da noite (e não encontraram papel), como se fosse uma notícia bombástica, plantão da Globo, fofoca da atriz principal. Que nada, a idéia é esquecida na mesma proporção de um BBB que saiu da casa terça passada (ou é na quinta?).

E lá vai você, levanta sem calçar o chinelo correndo o risco de levar uma bronca da mãe, meio tonta, tenta não acender a luz, mas não funciona. Já perdeu o sono mesmo. Encontra a caneta que já estava meio preparada – no caso da inspiração conseguir encaixar um horário melhor pra você do que a secretária do médico consegue -, e escreve (atrás do boleto da Renner ou do folder do restaurante de comida a quilo) umas unidades de palavras meio desordenadas para correr logo para a cama. Ufa! A idéia ta ali. Agora pode chamar o próximo: - Sono! Esse vai demorar pra vir. Mas você continua metade feliz, porque a outra metade da felicidade está no verso daquele boleto.

No dia seguinte acorda, abre a janela sorridente como comercial de creme dental, sempre atrasado demais para tomar café (no meu caso Nescau), e um pouco adiantado para assistir os primeiros blocos da Ana Maria Braga (eu não escrevi isso).

Sai correndo, pega o carro e vai trabalhar (como sou Carbon Free, vou de ônibus). Ah, a inspiração, ao menos a minha, também anda de ônibus. Já criei alguns slogans premium master top depois de passar a catraca.

Chega na agência e lembra que o folder da comida a quilo ficou em casa (ou o boleto, não interessa). Encurtando a história (já está meio maçante), descobre que naquela hora que você abriu a janela sorridente como comercial de pasta de dente (fui obrigada a rimar), minutos mais tarde a idéia voou pela janela. Literalmente.

Agora estou mais prática e guardo minhas idéias no gravador do celular. O pior é que no dia seguinte, quando vou ouvir aquela dúzia de palavras com voz de nariz entupido, eu sempre digo: - Que diabos eu quis dizer com isso?!
Fica sempre pela metade. O jeito é levantar, calçar o chinelinho (se der tempo) e pirografar a idéia numa pedra (finja que não leu isso).

E lá se vai mais uma redatora para o trabalho, que passa pela catraca, enquanto aguarda a idéia chegar. Espero que chegue antes do ponto de descida.

Mireille Almeida pegando todos os transportes coletivos do terminal urbano até encontrar AQUELA idéia.

20 de março de 2008

Páscoa Choco Free (já to chorando)


E às vésperas da Páscoa, minha data preferida, a data onde mato, estrangulo e devoro (bem literalmente) meus desejos mais doces, senti um gostinho amargo antes de abrir o primeiro ovo. Como se ele fosse de alface recheado com chicória.

Meus dias assaltando a despensa estariam contados e meus domingos cobertos por uma camada do delicioso chocolate ..... (alguma empresa de doces quer patrocinar esta frase?) estariam fadados ao ocaso??

O que eu faria com um dos momentos mais prazerosos do meu dia?

Já estou me sentindo fraca. Só me resta morrer de inanição.

Sempre tive uma mente doce (no sentido bem literal) e um pensamento calórico. Enquanto minha mãe escolhia o restaurante pela salada, variedade de pratos e preço, eu escolhia sempre pela sobremesa. Sempre.

Nada de sagu, gelatina picada ou pudim de caixinha. Aliás, durante os nove meses que morei no ventre de minha mãe, contam que ela comeu sagu durante os 270 dias da gravidez (demorei pra fazer esse cálculo). Nasci enjoada. Porém, apenas de sagu.

Antes sequer de abrir os ovos que o coelho escondeu, eu abri meu exame. E não gostei do recheio.

Um exame de rotina que iria mudá-la (a rotina) de marrom para verde. De deliciosa para sacrificante. De doce para qualquer sabor que você deteste. De embalagem bonita e atrativa para direto do campo. Mas, que por fim, iria fazer despencar o que estava lá nas alturas: o meu colesterol.

Toda decisão – mesmo que forçada – é feita de escolhas. Não escolhi o rabanete. Não escolhi deixar de comer doce. Mas imitando todas as chamadas de revistas em prol da saúde, escolhi POR UMA VIDA MAIS SAUDÁVEL (acho que esse slogan é de alguma margarina).

Caros poucos, porém queridos, leitores. Estou desafiando o meu vício a trocar (não para sempre) cada ovo de Páscoa por um ramo de alface. ‘Ramo’ não seria de flores? Não importa. O que importa é que vou tentar, mesmo que noventa por cento de mim não acredite que eu vá conseguir. E os outros dez tem certeza que não.

Em torno de quarenta dias (só comendo alfafa, rabanete, cenoura e outras delícias) espero estar com a cotação glicêmica atropelada para, então, retornar às minhas atividades chocólicas novamente. Dia 1º de abril (data bem aleatória) eu retorno aqui com o post: CACAU FREE - Como me libertei do vício.

Quem me conhece, que me compre (me compre uma barra de chocolate para eu comer com mousse de maracujá).

Mireille Almeida contando até 40 bem rapidinho. Mas ainda to chorando.
Ps.: espero não ter mais nenhuma novidade novinha em folhas (de alface) para contar.

18 de março de 2008

Stop

Certa vez eu estava arrumando algumas tralhas e tranqueiras num armário e meu irmão, na época com 9 anos, pegou um dos objetos, olhou, olhou e intrigado perguntou:

- Mimi (ele me chama assim), o que é isto?

Por um momento me senti tão antiga, tão do século passado (pior é que nasci mesmo no século passado)! Um objeto que marcou a minha infância, a minha pré-adolescência, tornou-se um OVNI para uma criança que conhece de play station a orkut.

Mesmo me sentindo nesse estado deplorável, ri muito e respondi:

- É uma fita cassete. Eu usava fitas para gravar músicas da rádio (nessa hora foi ele quem riu).

E ainda lembrei que me vangloriava para minhas amigas por ter 7 anos de experiência em gravação de músicas (dos 8 aos 15 anos). E durante os 7 anos como ‘produtora musical’, continuava cortando a música no final ou gravava os breaks (intervalos comerciais) junto.
Precisei dar um STOP na minha carreira.
É, ainda acredito que foi melhor trocar o ‘play’ pelo papel e o ‘rec’ pelo lápis.

12 de março de 2008

O espelho


Ontem senti uma falta enorme de você. Fiquei te observando. Te analisando friamente em meu pensamento. Teu sorriso estava mais iluminado, tua pele combinando com o arco-íris (o quê?), mas sua alma estava meio ‘preto e branco’ (agora entendi). Você se perdeu ou eu que perdi a sua mudança?

Foi muito depressa. Você deu fim àquele ar inocente, meio ingênuo até. Você perdeu seu maior vício. Rasgou sua roupa de anjo. Nem a auréola acendia mais. Mas eu sei o que foi. Foi um misto de medo, liberdade e maturidade.

Senti falta até do seu jeito desligado, sem a menor noção de localização no espaço, na rua, no bairro, enfim, uma bússola seria um kitsh a mais para te atrapalhar nessa sua vida tão sonhadora.

Até aquela sua mania de dormir nos finais de filmes você perdeu (de dormir no início e no meio também). Você escorregou no pote de mel e achou que tanta doçura não causaria diabetes? Agora está doente, tentando ler a bula depois de ter tomado o veneno.

Minha mãe conta que quando eu tinha 2 anos de idade, amarrei uma trouxinha de roupa num cabo de vassoura, coloquei nos ombros e fui embora de casa (devo ter imitado algum desenho animado do Pica-Pau). Ao saber que teria uma vaca no caminho, voltei.

Foi isso que aconteceu com você. Achou que iria encontrar apenas uma vaca, mas se deparou com uma boiada. Mas que bom que voltou. Voltou a ser o que sempre foi. Já estava com muitas saudades. Se demorasse mais, eu iria desaprender como é bom ser você mesmo, sem mais, nem menos. Eu sempre te amo, menos naqueles três dias do mês (aqueles em que eu quero matar todo mundo).

Mas foi aquela conversa que te abriu os olhos, os ouvidos e a consciência. Que te fez voltar e colocar os pés no chão, mesmo isso não sendo o seu forte. Tem sempre uma conversa dessas que chega de presente.

Agora que você experimentou quem você ACHOU que sempre quis ser (peraí, deixa eu ler essa frase de novo com calma), concluiu que jamais será novamente. Sua mãe te criou tão bem, que se você tomar toda a liberdade do mundo, no máximo terá uma congestão.

E continuei te olhando, e você foi voltando a ser o que sempre quis ser: VOCÊ MESMO.

Você foi sorrindo e eu sorrindo de volta. Senti um alívio e você também sentiu. Agora sei que você voltou pra valer, assim, essa eterna criança.

Continuei me olhando no espelho e percebi que esse tempo todo eu senti falta de mim. Então, desfiz a trouxinha de roupas, guardei o cabo de vassoura e vi minha alma refletida novamente, assim, inocente. Voltei.

Mireille Almeida correndo de braços abertos para matar a saudade de si mesmo.

5 de março de 2008

Analogias de um amor de verão


Droga que nenhum médico receita, porém, não tem contra-indicações. Ele não mata, mas dá taquicardia e falta de ar. É como ir pro Alasca e não levar casaco. “Eu te avisei”, diz aquela voz interior (ou a voz da mãe mesmo).


É tudo tão interessante, diferente e inédito. Como se fosse o primeiro verão que isso acontece. As ondas do mar vão e vem, assim como ele, o amor de verão.

Não pegue onda se não sabe surfar (mas como vou aprender, então?). Ta certo, é subindo na prancha que se aprende o equilíbrio. Momentos intensos, manobras radicais e muitos caldos. Até aprender que a onda começa, mas que também acaba.

O amor de verão é regado a coquetéis coloridos e noites de estrelas. Quem nunca viu o coelhinho na Lua? Aprendi que quem o vê, é porque realmente sabe viver um amor de verão. Saiba que, quando ele começa, tem data, local e vôo pra decolar...e pra bem longe.

Que seja intenso enquanto dure. No amor de verão, não há espaços para pensar em nada. Muito menos no fim. Viva, aproveite, e só o aceite se ele realmente te fizer rir. E que sejam boas gargalhadas.

É claro que o amor de verão aceita tempestades. Porém, curtas. Por um lapso de momento, você age como se ele fosse durar até a próxima primavera. Mas nem tudo são flores. Não brinque de bem-me-quer. Já vi muitos jardins desbotados. Mas não o meu.

Não compre casacos para o seu amor de verão. Enquanto estiver com ele, não precisará. E quando ele sentir frio, você não estará mais por perto.

Aprenda outras línguas, outras gírias, outras idéias que você jamais pensou sequer que existissem, ou que pudessem ser ditas. Não tenha rotina, ritmo ou regras. Seja você, por ao menos um verão. Se ele não te aceitar, calma, o outono surge pleno.

Deixe seu coração bater na intensidade da sua respiração. Deixe sua boca secar e seus lábios tremerem.
Mas nunca, nunca deixe chegar ao seu pensamento. Nunca (é bom repetir em voz alta). É intenso e rápido demais para invadir três ou quatro segundos da sua mente.

Na memória? Cuidado. Se ela invadiu sua memória, foi porque ela escapou quando você estava com aquela cara de bobo.

Memórias póstumas (e não são aquelas que caíram na prova do vestibular)? Somente em outras estações. Aí, sirva-se à vontade, use casaco e olhe para o coelhinho numa noite estrelada.

Se fosse por mim, o horário de verão seria também de invernos, outonos e primaveras. Mas ele tem uma finalidade e, por isso, ele tem um fim. Assim como o amor de verão.

Não é cego, porque nem dá tempo de abrir os olhos. Talvez surdo, para não ouvir palavras tão doces que façam acelerar o coração. Mas é mudo. Porque amor de verão, não precisa dizer adeus. Ele sabe a hora de ir embora. Go, but don’t go away!

É só acertar o relógio e tudo será como tem que ser. Que atire o primeiro grão de areia quem nunca viveu um amor de verão.


Mireille Almeida com o relógio em ponto (mas que por vezes, atrasa).