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14 de janeiro de 2009

Ele voltou


Eu tive que me acostumar com a chuva. Aquele guarda-chuva xadrez tornou-se o meu companheiro de todos os períodos do dia. E tive que me acostumar com a chuva. Na previsão do tempo, falavam que talvez você fosse chegar, mas que logo partiria. De encontros assim eu não preciso. Prefiro nunca te ter, a ter que juntar seus raios e jamais sentir o seu calor. Eu te quero todo meu, queimando minha pele translúcida da tua ausência e sentindo tua energia percorrer meu corpo. E o telefone do São Pedro fora de área.


A barra da calça sempre molhada e meus cabelos gritando pela tua volta - não há chapinha que resista à eletricidade de um dia cinzento -. O esperado horário de verão chegou e nem esperança de você aqui. A cena dos pneus encontrando poças e molhando minha esperança, virou meu clichê matinal.


Biquínis com etiqueta, centenas de ligações desmarcando a praia, roupas com aroma de labrador molhado e janelas esquecidas sempre abertas. Esse ano, o sol está para rico, assim como a chuva está para estagiários que esperam o ônibus no ponto. Segunda-feira você brilha radiante, como se nada tivesse pingado no último final de semana.


- Que dia cinza lindo. Olha o presente que eu comprei para você usar nessa estação.
- Um guarda-chuva da Madonna Like a Virgin. Diferente.

Capa de chuva, guarda-tempestade, botinha plástica. Essas são as dicas de presentes que não têm erro. E você terá a certeza que o aniversariante está falando a verdade: - “Era bem o que eu estava precisando, como adivinhou?.”


Foram três, eu disse três meses sem a tua presença. Programas caseiros, banhos de chuva feito cena de novela das seis e eu tive que me acostumar com a chuva.


Insatisfeitos humanos. Agora estou eu aqui. Meia-noite, janelas escancaradas como o passo do plié, ventilador pedindo férias, banho gelado (esse ainda estou criando coragem), pedras de gelo direto na garganta. Ai, como eu adorava aquele cinza no céu. E nada do Pedro atender o telefone.

E para provar que o Murphy existe, o sol voltou a brilhar e eu, a trabalhar.


Mireille Almeida sempre com protetor solar.

Um comentário:

  1. Oieeeeeeeeee... Muito bom, só de bota sete léguas prá aguentar tanta chuva... mas ele voltou!!!

    Beijao e muita saudade

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