Translate

25 de julho de 2007

Quando o amanhã chegar você estará aliviado?

Somos seres complicados. Admito. Admita você também. Sonhamos com um corpo esbelto, uma cintura definida, tudo durinho. Mas bate aquele frio e lá vai mais uma desculpa para faltar a academia. Se é que você está matriculado em uma.

Admiramos quem têm inglês e espanhol fluentes e o básico de italiano. Mas não há tempo disponível para trocar a hora da novelinha pela hora do cursinho. Preferimos chegar em casa e deitar no sofá.

Sai mais um ganhador da Mega Sena e você pensa “metade desse prêmio já estaria bom”, mas falta tempo para jogar.

Vivemos nos desculpando (no gerúndio mesmo). Vivemos perdendo o tempo (e sempre no gerúndio). Quantas vezes já ouvimos e já falamos a famosa frase: -“Temos que combinar algo” ou -“Me liga”.
Sem pestanejar, posso afirmar que muitos encontros não se realizaram, muitas ligações não foram completadas.

Às vezes estamos a um passo, a um “alô”, a um abraço da pessoa que amamos. De um grande amigo que há anos não é visto, de um irmão que mora longe. De um pai. De uma mãe.

Falta tempo ou falta coragem? Depende. Há situações em que culpamos o tempo (porque para o dia durar 30 horas, só aquele Banco mesmo). É tão bom quando encontramos um grande amigo no calçadão, num restaurante. - “Que saudade! Há quanto tempo”. Estes encontros nos passam aquela sensação de missão cumprida e o nome deste amigo volta para o final da lista. (daquela listinha mental das pessoas que você PRECISA encontrar). Ufa, consciência leve novamente (por pouco tempo).

No final, os amigos perdoam a falta de tempo. Porque eles também pecam pelo mesmo motivo. Não se preocupe.

E a FALTA DE CORAGEM? Esta é inversamente proporcional ao conhecido TEMPO. Quanto mais tempo passa, mais o ser humano se afasta da ação. Do momento em que ele criará coragem para falar, questionar, pedir o perdão, perdoar, desabafar, abraçar. E o inconsciente pensa “- Um dia eu vou falar”. Mas a consciência não age. Por quê?

O ser humano tende a se refugiar numa zona de conforto. Quanto mais confortável, mais difícil escapar. E o ápice deste estado é quando outrem leva culpa pelos erros cometidos, pelas falhas, pelas faltas. “A culpa é dele. Eu fiz minha parte”.
Não enxergar nossos próprios erros nos afasta cada vez mais das felizes descobertas.

É bem mais fácil chegar em casa e descansar, do que malhar uma hora na academia. É cômodo burlar o regime defronte a um churrasco, difícil é resistir. E depois é tarefa fácil reclamar.

Assim que muitos casais deixam suas conversas para depois e se separam.
Pais e filhos dão adeus antes do perdão. Tarde demais.
Perdemos a última oportunidade para a despedida. Para o abraço.

Amanhã é muito tempo no mundo em que nos encontramos. Amanhã talvez esta pessoa não esteja mais no mesmo mundo que você. Dê um sinal, faça a sua parte. Viva o próximo segundo com um imenso alívio no peito. Para que o amanhã venha sereno.

Não sabemos quando e nem como nossos companheiros cumprirão a missão deles neste mundo e partirão. Uma pequena ação pode nos livrar de um fardo, uma dor, um arrependimento para todo e sempre.

Mas para quem ficou com certeza poderá se comunicar com quem partiu. Nossas preces e bons pensamentos chegam express no andar de cima. Confie.

A cada despedida, a cada reencontro, faça deste um grande momento. Para, que por ventura do destino seja o último momento, que seja então, inesquecível.

Todos nós temos um “eu te amo”, “eu te perdôo” ou “eu alguma coisa” para dizer a alguém. Se na hora H não sair nada, um abraço apertado valerá as mil palavras. Não vai doer. Prometo (não venha me cobrar depois). Dolorido ficará se não fizermos o que tem a ser feito.

Este post foi a forma que encontrei para externar meus sentimentos pela infeliz tragédia do Airbus da TAM vôo 3054 que comoveu o mundo, em que muitas pessoas não tiveram chance de dar aquele último adeus. Talvez amanhã.

Sem me preocupar com quem foi culpado, ou quem se pronunciou somente 3 dias depois com um discurso pronto, mas com profunda tristeza pelos que ficaram, expresso meus sentimentos em palavras.

Nossas mensagens para os que estão lá em cima extinguirão a distância entre o céu e a Terra. Tenhamos fé.

Mireille Almeida em campanha por um suspiro aliviado. Nem que seja o último.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Pois é Mais certas essa palavras impossiveis de algum modo sem eu ter lido esse post houve uma conexao com o meu ultimo posto feito agora a poucos minutos antes de ler, o negocio é esse mesmo conseguir dominar nossas acoes que as vezes parecem impossiveis de serem feitas mais que podem nos proporcionar ganhos incriveis se feitas, tem um frase meio tipica mais que acho verdadeira que diz(Nao a ganho sem dor) talvez agora vc passe um pouco de vontade mais depois pode ser muito recompensador, mais nunca se enganando porque tem opotunidades que passam so uma vez...como sempre belo post e sempre um comentario para seu post

    (Hora do Merchand= Nao esquece de visitar o meu blog) (http://vcmeconhecedudu2.blogspot.com/) uauhauha bjos

    ResponderExcluir
  3. Profundo, faz a gente pensar em várias coisas que devem ser mudadas nas nossas vidas. Todo mundo tem pelo menos um pouco do que foi postado. Só pra variar mais um pouquinho me identifiquei com muuuitas coisas que foram ditas, foi muito oportuno o tema.. Bom deixa me apressar que preciso ir abraçar um monte de gente! Hehe Bjinhos menina inteligente, que eu ainda não conheço! :D

    ResponderExcluir
  4. Parabéns MI!! Gostaria que alguns dos parentes do avião da TAM lessem seu texto!! Pq realmente a distância entre o nosso mundo e aquele onde essas pessoas se encontram muito pequena... Nós somos e vivemos da matéria, mas no fundo temos algo muito mais especial, nosso espírito, e este é alimentado por esses "eu teamo", "eu te perdoo" que vc falou!!! Nós "burros" seres humanos temos dificuldades de nos expressar!!! Que besteira né??! É por isso que hj aproveito pra dizer: "Eu te amo minh amiga"!! Do fundo do meu coração e pra sempre!!! UM Beijão pra vc!!!

    ResponderExcluir